sexta-feira, 27 de maio de 2011

Rick Castle/Kate Becket (Castle)

Nada mais justo que, depois da Luce ter começado isso tudo com o primeiro casal que ela realmente investiu (e enlouqueceu), agora que é a minha vez eu continue com o último casal que me conquistou (faz sentido na minha cabeça).

Comecei a ver Castle sem querer. Me preparei pra não gostar da série mas foi impossível. Eu brinco com as meninas e falo que Castle é igual Chuck, ou você ama ou você odeia; e pensando bem é exatamente por aí que a coisa funciona mesmo (infelizmente elas amam Chuck e eu Castle, seria tudo mais fácil se todas conseguissem amar as duas séries, mas né... aí era pedir demais).

E Castle, como toda boa série policial/criminal/com-agentes-do-FBI-ou-da-CIA você tem dois personagens principais para criar a tensão (aqui no caso Richard Castle e Katherine Beckett), e o que me chamou a atenção é como esses dois personagens não só interagem, mas como desde o inicio existe uma atração entre eles que não é negada (não que eles se peguem logo de cara, longe disso, mas eles brincam com esse fato o tempo todo, nunca deixando o outro esquecer que se ele quiser...).

O Pilot (o episódio que vende a série pro estúdio) sempre serve para que o espectador tenha uma idéia do que seria a série, como os relacionamentos iniciais são forjados e coisas do tipo. Na maioria das vezes, os pontos principais da história não estão ali (ou eles mudam algumas coisas no segundo episódio em diante); mas com Castle, tudo que você precisa saber sobre a série está no Pilot. O jeito playboy de ser do Castle, o fato que a Beckett é fã do trabalho dele a muito tempo, o caso do assassinato da mãe dela, as relações entre o Castle e a família dele, assim como a Beckett com os detetives que a ajudam. Tudo, até mesmo a tensão inicial e a recusa (da parte da Beckett) de ceder a essa tensão são parte fundamental desse primeiro episódio.

(É por isso que agora é um tanto irônico ver que o Castle não quer mais a Beckett indo atrás do assassino da mãe dela, sendo que se não fosse por ele eles nunca teriam reaberto o caso).

Essas pequenas coisas foram o que me fizeram gostar da série e dos personagens, mas o que fez me apaixonar pelos personagens e pelo casal é o fato que eles não se completam. É fácil (e lindo, não me entendam mal), perceber na maioria das séries que os dois personagens que você quer ver juntos são tão diferentes e mesmo assim são perfeitos um para o outro pelo simples fato de serem diferentes. Tem algo um tanto quanto poético nisso tudo, o fato das suas diferenças serem aquilo que os une. E, pra mim, essa é a maior diferença em Castle.

A principio os dois não poderiam ser mais diferentes. Ele, um playboy abusado que em uma ocasião roubou um cavalo da Policia montada de New York (nu) em pleno Central Park; ela, uma detetive “by the book” em todos os aspectos possíveis e imaginários. Essa união, a primeira vista, nunca daria certo. Egos e vidas completamente diferentes. Mas, ao decorrer da primeira temporada (se é que pode se chamar de temporada uma vez que tem somente dez episódios), você já consegue perceber que os dois são na verdade mais parecidos do que ambos imaginam.

Rick Castle tem sim seus momentos de estrelismo e parece ser uma criança adulta (a five year old in a sugar rush), não levando nada a sério e flertando com qualquer coisa que tenha seios e mais de 18 anos; inicialmente é só isso que nós vemos... Mas com o passar do tempo podemos perceber que ele é muito mais “caseiro” do que parece, que ele é um pai presente e amigo (a relação dele com a Alexis é uma das coisas mais adoráveis na TV americana depois de Lorelai e Rory Gilmore), que ele se preocupa com a família dele em primeiro lugar, que não existe nada mais importante do que proteger as pessoas que ele ama e que o apóiam. E isso é basicamente a descrição inicial que seria dada para o personagem da Kate. E ela, por sua vez, depois de algum tempo mais confortável com o fato que o escritor não vai largar o seu pé tão cedo, começa a mostrar um lado mais rebelde dela (a cena em que ela conta que tem uma tatuagem é impagável), mais extrovertido e irônico.

É aí que a beleza do relacionamento dos dois se torna uma experiência rara em relação a alguns outros casais aos quais poderiam ser comparados (e não, não estou me referindo a Booth/Brennan). Eles têm diferenças, sim; mas as suas similaridades são o que os unem. Seria fácil para Beckett simplesmente descartar o Castle como infantil e irresponsável, mas quando ela passa a presenciar o relacionamento dele com a sua filha e a sensibilidade dele com o caso da sua mãe (uma das melhores cenas para descrever esse aspecto do relacionamento dos dois seria a cena final de Sucker Punch quando ele diz que não vai mais continuar com a parceria dos dois por ter passado dos limites durante o caso que os levou a achar o assassino da mãe dela – mas ainda sem saber quem pagou pelo assassinato e por que – e ela não o deixa ir embora, dizendo que quer ele por perto quando ela finalmente achar o verdadeiro culpado), ela é obrigada a rever as opiniões que tinha sobre ele; e é aí que ela começa a se abrir mais e a confiar nele como seu partner (colocar a palavra ‘parceiro’ aqui não daria o mesmo sentido que a palavra em inglês nos dá, desculpa).

Muitas pessoas dizem que o Castle mudou a Beckett. Que com a chegada dele na equipe dela ela passou a ser mais divertida, mais alegre. Eu sou uma das pessoas que não concorda com essas afirmações. Eu acredito sim que ele trouxe esse lado dela que já existia para fora. O fato deles não necessariamente se completarem não quer dizer que eles não tragam para fora o melhor que existe dentro do outro. O Castle consegue sim tirar da Beckett esse lado mais divertido e “care free”, mas não é como se ela nunca tivesse sido assim... Ela mudou muito com a morte da mãe dela e se tornou mais reclusa e séria e pessimista, e com a chegada do Castle ela se solta mais, ele faz com que ela se sinta mais confortável com esse lado da personalidade dela que antes parecia ter deixado de existir.

Mas como tudo em Castle, essa não é uma mão única. Assim como ele ajuda a transpor esse lado mais alegre da Beckett de volta a vida, ela também extrai dele um lado mais responsável e até sério, mas que também já existia antes. Eles conseguem se balancear de uma maneira em que quando o momento exige ambos estão no mesmo lugar, não um fazendo piadinhas e o outro carregando todo o peso do mundo nas suas costas... Agora eles conseguem dividir esse peso, fazendo com que a tarefa de achar assassinos e levar um pouco de conforto para a família das vitimas não seja tão desgastante, mas nunca menos importante.

O fandom de Castle brinca com o fato que nós temos palavras chave para descrever o relacionamento dos dois, uma delas – e a principal eu diria – sendo always (sempre). Eles têm sim muitas coisas em comum além da admiração pelo trabalho do outro, nessas três temporadas é possível perceber um desenvolvimento no relacionamento deles que vai além do interesse romântico, é realmente uma parceria que supera o fato de ela ter um namorado do momento e ele, enquanto a vê caída no chão baleada (para quem não viu o último episodio isso foi um spoiler), fala que a ama.

Um comentário:

Just Lucy disse...

Ó, eu li tudinho! (apesar dos pesares - LMAO)

First of all, da próxima vez que vc reclamar que seus textos são vazios and all that, eu juro que vou a pé até Embu te dar um tapa! =-P

Iai eu não posso dizer mta coisa pq, well, eu não assisti o suficiente pra poder dar pitaco, mas é uma análise bem interessante... Legal ver um casal que se une pelas suas semelhanças e não pelas suas diferenças, é uma coisa diferente na TV, né?